Neste ano, a Boaventura Editora lançou a terceira leva de obras de sua série Novelas Porto-Alegrenses. Com uma curadoria especial, as cinco obras escolhidas são um banho de literariedade na consolidada produção da série e de obras sobre Porto Alegre.

Conheça um pouco de cada obra abaixo:
“Corpos trocados”, de Ana Mello.
Quando o mistério se deita ao lado do corpo.
Helena é médica legista em Porto Alegre. Cercada de silêncios, ela sabe que cada corpo conta uma história — mas nem sempre toda verdade se revela na primeira incisão.
Quando um homem fascinante cruza seu caminho, ela se vê enredada num romance que mistura vinho, arte antiga, símbolos sagrados e segredos que transitam por túmulos, cofres e labirintos subterrâneos. Mas, entre amuletos quebrados e arquivos ocultos, uma troca de corpos expõe muito mais do que um erro técnico: revela o que somos capazes de esconder — ou de revelar — quando o amor, o medo e a culpa dividem a mesma sala fria.
Na série Novelas Porto-alegrenses, Ana Mello costura com precisão cirúrgica uma narrativa sombria e sedutora, onde a cidade, seus bares e seus becos servem de cenário para perguntas que nenhuma autópsia responde: até onde podemos ir para consertar o irremediável?
Um livro para quem sabe que cada corpo guarda um enigma — e cada adeus pode trocar de lugar sem pedir licença.

“Sem ti pelas ruas da cidade”, de Marisa Piedras.
“O texto apresenta uma narrativa construída em uma sucessão de encontros e desencontros que explora bem o inusitado e possível romance entre Luciana, uma delegada reservada, e Theo, um vocalista de banda de rock famoso e extrovertido, buscando mostrar o contraste realista entre a vida de rock star com a burocracia policial.
A progressão da história é clara e segue uma linha do tempo direta, o que facilita a compreensão. Apesar de já iniciar com os dois personagens mencionados, a narrativa leva o leitor a entender mais a fundo o universo de Luciana, explorando sua relação com a mãe, com seu pai, a amizade com Vanessa, a maternidade de Camila, mostrando e aprofundando os conflitos vivenciados pela personagem ao longo da história.
Dessa forma, o tema romântico não é o mais importante da narrativa que também apresenta de forma destacada e bem humana as relações entre gerações de mulheres (Luciana, sua mãe Agatha, e Camila), a amizade feminina, a dificuldade de conciliar carreira, maternidade e vida afetiva, bem como a solidão e o envelhecimento (acompanhando a possível doença do pai).”
(Lou Urbin)

“Os meninos do Lago da Redenção”, de Gustavo Rodrigues.
Em um verão escaldante de Porto Alegre, quatro meninos da Vila Planetário encontram no lago da Redenção o único refúgio contra o calor sufocante e a falta de opções de lazer. O que parecia apenas mais uma tarde de brincadeiras termina em tragédia quando Tiago desaparece misteriosamente em meio às águas turvas do lago. O choque mobiliza a vizinhança, que se depara não apenas com o medo do desaparecimento, mas também com o descaso das autoridades, dispostas a reduzir o caso a mais uma “confusão de menino pobre”. À medida que buscam respostas, emergem os fantasmas do racismo, da desigualdade de classe e da indiferença social, revelando uma trama ainda mais sombria: o envolvimento de uma rede de tráfico humano. Mais do que a investigação de um crime, a história expõe as feridas abertas de uma cidade marcada por preconceitos e silêncios.

“O labirinto virtual”, de Tetê Lucero.
Durante o isolamento pela covid-19, a humanidade se vê mergulhada na experiência da solidão e do recomeço. Sozinho em seu apartamento, um professor tem sua rotina monótona quebrada quando transforma seu notebook em uma porta para o multiverso. Ao atravessar essa fronteira digital, adentra em uma vastidão de mundos paralelos que refletem não apenas habilidades físicas, mas também emocionais e psíquicas. Em sua jornada, ecoam fragmentos de medos, perdas, lembranças e esperanças.
(Adriana Maschmann)

“Memória da casa dos vivos”, de Cristiano Fretta.
Um senhor aposentado nos narra um curioso episódio de sua infância: uma família muito excêntrica se muda para a casa ao lado de onde ele morava. Nasce então uma amizade proibida com os filhos dos vizinhos. No meio da trama, tragédias, descobertas, amadurecimento e, sobretudo, um questionamento: em um mundo tão diverso, o que significa ser “normal”?

O lançamento ocorreu no dia 1/11, na Casa Boaventura, em Porto Alegre (RS).
